quarta-feira, 20 de julho de 2011

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO: Por que os funcionários da UFSCar estão em greve?

Desde o início do ano, nós, técnico-administrativos em educação das universidades federais, estamos travando uma dura batalha contra o Governo Dilma.    Reivindicamos não apenas melhores salários e condições de trabalho, mas defendemos também os Hospitais Universitários, cuja privatização em curso afetará toda a estrutura do ensino superior público, ameaçando os princípios da autonomia, indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão e outros que caracterizam o modelo de educação que nós defendemos. 

Procuramos negociar durante vários meses, mas a intransigência dos representantes do Governo e dos Ministérios da Educação e do Planejamento obrigou-nos a deflagrar a greve, como último recurso.

A greve dos técnico-administrativos em educação das universidades federais, que atinge 47 instituições de ensino, já ultrapassou 30 dias de duração.  Apesar disso, até agora, não recebemos qualquer resposta concreta do Governo às nossas reivindicações. Nós, trabalhadores e trabalhadoras técnico-administrativos em educação das universidades públicas, recebemos os mais baixos salários de todo o serviço público federal numa conjuntura em que a inflação está totalmente sem controle e os trabalhadores é quem estão amargando a subida de preços e tendo corroídos seus salários.

A presidente Dilma Rousseff, que foi eleita prometendo nada menos do que “erradicar a miséria”, iniciou seu mandato concedendo um reajuste irrisório de 6% ao Salário Mínimo, inferior até mesmo aos índices oficiais de inflação. Em compensação, teve seu salário reajustado em 132% e concedeu aos deputados um reajuste de 62%. A presidente, que prometeu ainda tratar a educação e a saúde como prioridades, cortou R$ 50 bilhões do Orçamento. A educação perdeu R$ 3 bilhões. Quando deveria investir no mínimo 10% do PIB em educação, investe atualmente irrisórios 2,59%.

Em contrapartida, o governo pagará neste ano quase a metade do Orçamento em juros da dívida pública, que já ultrapassou R$ 1,74 trilhão em maio, e que pode ainda este ano chegar à R$ 1,93 trilhão. Como explicar essa escolha de prioridades? A resposta é simples: acontece que toda a política econômica do Governo está voltada para os empresários, banqueiros, especuladores, multinacionais, latifundiários e ao agronegócio. A taxa de juros no Brasil, que já era a maior do mundo, aumentou 4 vezes no governo Dilma.  Como os trabalhadores estão perdendo poder aquisitivo, em decorrência da inflação e dos baixos salários, estão sendo obrigados a contrair empréstimos e a pagar aos bancos e financeiras juros altíssimos. Em 2010, o Banco Itaú registrou o maior lucro líquido da história do sistema bancário no Brasil: 13 bilhões. Como dizia o ex-presidente, “nunca antes na história desse país” os bancos ganharam tanto dinheiro!

Essa política econômica, que está em vigor há mais de 16 anos, ou seja, desde a era Fernando Henrique Cardoso, está prejudicando gravemente a infra-estrutura dos serviços públicos do país (educação, saúde e previdência em particular), através dos sucessivos cortes de verbas, e agravando as já precárias condições de trabalho.  Esse quadro torna-se ainda pior devido à insuficiência de recursos humanos, resultado da política geral de estrangulamento dos órgãos públicos levada a cabo pelo Governo. A título de exemplo, citamos a Portaria da Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, publicada no dia 28 de março deste ano, proibindo a realização de novos concursos públicos e suspendendo a nomeação dos aprovados em concursos anteriores. A combinação desses fatores produz o colapso dos sistemas de saúde e educação públicos. É por isso que o Brasil, apesar de ser a sétima economia do mundo (o que lhe dá o direito de sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo), ocupa a 88ª posição entre 127 países num ranking da Unicef sobre Educação... 

Em resumo, a baixa remuneração e a precariedade das condições de trabalho dos técnico-administrativos das universidades federais fazem parte da estratégia de desmonte do ensino público superior. A pergunta é: quem ganha com isso? Quem se beneficia com a destruição do ensino público? A resposta, novamente, é simples: o capitalista do ensino privado é claro! Sob os governos do PSDB e do PT, a educação se transformou num negócio extremamente lucrativo. 

Queremos finalizar esta Carta Aberta deixando bem claro que somos favoráveis à que todos tenham acesso às UNIVERSIDADES PÚBLICAS, para terem acesso à um ensino de qualidade! Queremos que a expansão das Universidades ocorra com maiores repasses de verbas, assim como com a contratação, via Concursos Públicos, de mais funcionários!

Convidamos toda população a, junto conosco, defender uma universidade pública que possa estar ao alcance de todos!

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