No ultimo dia 26/09 os trabalhadores técnicos administrativos das universidades federais em todo país voltaram ao trabalho após mais de 100 dias em greve com um gosto amargo na boca. Toda a luta desenvolvida com caravanas, ocupações de reitorias, marchas, acampamento na esplanada dos ministérios, audiências publicas, panfletagens e até protestos dentro do congresso nacional não conseguiram demover o governo de inaugurar uma política no Brasil pós-ditadura de não negociar e criminalizar os grevistas da FASUBRA.
Um breve histórico.
Depois da vitória econômica da greve de 2007, ficaram muitas pendências da nossa carreira para serem negociadas com o governo. Após três anos em negociação, onde mais de 40 reuniões entre FASUBRA e governo foram realizadas, documentadas e nenhuma possibilidade de avanço foi apontada. A sábia paciência da categoria se esgotou quando o governo já em 2011 enrolava a direção da FASUBRA com reuniões nada produtivas, muitas vezes adiadas e sem nenhuma proposta concreta.
No mês de junho os trabalhadores das universidades em todo país decidiram em assembléias, com presença maciça que era necessária, a greve para cobrar do governo uma proposta concreta na mesa de negociações.
Além da motivação salarial, o funcionalismo via com preocupação os Projetos de Lei que privatiza os hospitais universitários (PL 1749), congela os salários do funcionalismo público (PL 542), ameaça à estabilidade do emprego (PL 248) e que ataca a previdência (PL 1992).
A categoria entendia que havia muitos motivos para lutar e assim a greve foi construída por todo país.
O governo coloca a crise econômica nas costas dos trabalhadores
No final de 2010, o Ministro Mantega dá uma entrevista exclusiva ao Fantástico, logo após Dilma já ter sido eleita, onde ele já anuncia com todas as letras: “ Não há previsão de reajuste salarial para o funcionalismo em 2011” (Ver em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/11/ministro-guido-mantega-fala-sobre-corte-de-gastos-em-2011.html). e anunciou um conjunto de medidas que começaram a ser colocadas em prática no início de 2011, onde o governo deu um aumento minúsculo para o Salário Mínimo e cortou R$ 50 bilhões do orçamento para garantir um ajuste fiscal com o objetivo de preparar o país para a crise. O endurecimento por parte do governo nas mesas de negociação com os sindicatos do funcionalismo fazia parte do conjunto de medidas que passou a compor política econômica do governo.
O contraditório é que ao mesmo tempo em que o governo nega aos trabalhadores ele dá aos poderosos. Ou todos não se lembram do aumento escandaloso dos salários dos deputados, senadores e da própria presidenta no início do ano e recentemente do “Programa Brasil Maior” que deu anistia fiscal aos mega-empresários num valor de R$25 bilhões?
O governo está preparando o país para a crise econômica que já faz estrago na Europa. E quem está sendo sacrificado é o trabalhador. Porque os empresários e os banqueiros estão passando muito bem.
Mais de 100 dias em greve, e o governo não recebeu o Comando Nacional de Greve nem uma única vez.
A maioria dos trabalhadores das universidades votou em Dilma. A FASUBRA, em Plenária Nacional, no segundo semestre de 2010, aprovou construir Comitês de Apoio à sua candidatura nos estados e, mesmo assim, o que leva um governo não receber a categoria em greve? O que leva esse governo formado por ex-sindicalistas a entrar na justiça e pedir a ilegalidade de nossa greve? (nem FHC teve tal atitude.). Quais os motivos reais para o governo derrotar a greve da nossa categoria que tem o menor piso salarial do funcionalismo?
Primeiro que essa atitude do governo tem nome: Traição! Em segundo lugar, a motivação para o governo jogar tão duro contra os trabalhadores é a opção equivocada que Dilma e o PT estão fazendo de governar em aliança com os poderosos. Pois só assim podem sobreviver no jogo eleitoral, pois sem o apoio econômico de empresários e banqueiros não se ganha as eleições nesse país. Não é atoa que a campanha de Dilma foi a que mais arrecadou apoio financeiro de setores pesados do empresariado e dos banqueiros do país.
É a primeira vez que não somos recebidos uma única vez em greve por um governo desde a reabertura democrática do país, essa marca do atual governo ficará na história da FASUBRA.
A greve aqui na UFSCar
Como em toda greve sabemos que a participação nem sempre atinge a totalidade dos funcionários na mobilização, mas, nem por isso, podemos dizer que a greve aqui na UFSCar não foi representativa. Vários setores, importantes, aderiram à greve e tivemos a presença de muitos ativistas que recém entram na UFSCar (vários em Estágio Probatório). Esse fenômeno, inclusive, se refletiu nacionalmente, onde em vários locais as antigas e pelegas direções foram derrotadas quando indicaram o fim da greve.
Não podemos compactuar com o discurso que acusa, irresponsavelmente, que a greve foi “derrotada” por conta da baixa participação dos trabalhadores. Avaliamos, mesmo com todos os problemas que enfrentamos, que essa greve foi vitoriosa e deixou a categoria preparada para futuras mobilizações que, com certeza, virão.
Lamentavelmente tivemos a atuação de pseudos sindicalistas que obrigou seus subordinados a cumprir os 50% determinado pela Justiça, mas, como sempre, foram desmascarados pela realidade imposta pelo movimento.
Temos a plena convicção que lutamos todos os dias contra os ataques do governo Dilma e em defesa da nossa pauta, em nenhum momento furamos greve ou desistimos de lutar, mas precisamos caracterizar que neste momento, os inimigos de classe são fortes e em grande quantidade, daí a importância do recuo tático que fazemos neste momento para realimentar as energias da categoria, rearmar a militância e eleger uma nova direção para Fasubra, que de fato esteja comprometida com a categoria e não com o governo.
Pauta Interna: é possível conquistar as 30 horas!
As trinta horas semanais é uma realidade. É possível conquistá-la.
A discussão já está aberta e temos a plena convicção que nossa organização dará conta de arrancá-la. Não tenhamos ilusão que não será uma tarefa fácil, pois existem muitas posições que acham que funcionário não só não deve trabalhar 30 horas mas 44 se possível.
Tomem cuidado com a boataria pois já estão dizendo que implantar as 30 horas significa ter redução de salário, perda do vale-alimentação e por aí vai... (capaz de irem até aos jornais da cidade para falar essas asneiras).
Estaremos divulgando, entre hoje e segunda-feira, um texto mais elaborado sobra a nossa pauta interna.
VAGAS NA CRECHE: Estamos convocando todos aqueles que estão sem vagas para seus filhos na UAC que participem de uma reunião, no próximo dia 04, terça-feira, pela manhã (9 horas) na sede do sindicato
Divulguem a todos, inclusive alunos e docentes
(MSV= Movimento dos Sem Vagas).